Câmara resgata a história e conta os 319 anos de Curitiba

por José Lázaro Jr — publicado 04/10/2012 12h15, última modificação 04/09/2020 14h51
Câmara resgata a história e conta os 319 anos de Curitiba

História da Praça Zacarias foi mostrada em texto publicado pela Câmara de Curitiba. Na foto, o logradouro em 1936. (Foto – Acervo Casa da Memória)

Documentos históricos, livros antigos e relatos pessoais são a matéria-prima para a Câmara Municipal resgatar fatos, curiosidades e personalidades pertinentes ao desenvolvimento de Curitiba, desde a sua fundação em 29 de março de 1693, 319 anos atrás. O trabalho de pesquisa mostra a evolução das leis na cidade, acontecimentos e pessoas que fizeram esta história, como os registrados na seção “Aconteceu”, no portal do Legislativo na internet, que traz diariamente informações sobre o passado da cidade.

Durante todo o ano os cidadãos curitibanos podem encontrar no “Aconteceu” curiosidades sobre a data atual, pois a pesquisa recupera acontecimentos do dia, mas de anos anteriores. Foi em 2 de outubro de 1936, por exemplo, que a fabricação diária de pão foi autorizada em Curitiba por lei municipal, revogando norma anterior que proibia as padarias de abrirem aos domingos e feriados nacionais. Ou que em 29 de fevereiro de 1748, ano bissexto, moradores que não consertaram as suas residências foram multados por “afetar a estética da cidade”, conforme registrado em documento da época.

A divulgação dessas informações especiais no “Aconteceu” começou em março de 2010, recebendo desde então 468 mil visitas na internet, documentadas pela Diretoria de Informática. A aferição mostra um interesse crescente pelo assunto, com 113 mil acessos no ano de estreia, 202 mil em 2011 e 153 mil já contabilizados somente neste ano. O resultado estimulou a Câmara de Curitiba a realizar reportagens mais detalhadas sobre a história da capital.

É o caso, por exemplo, da Praça Zacarias, no centro da cidade. Texto publicado pela Câmara de Curitiba, que repercutiu na imprensa local, conta as mudanças de costume vividas no século XIX, quando os vereadores determinaram a proibição da lavagem de roupas no chafariz da praça, que receberia o primeiro Mercado Municipal da capital. Também o registro dos primeiros documentos lavrados pela Casa e a história dos cemitérios da capital, desde o tempo em que os restos mortais da população eram destinados às catacumbas da Igreja Matriz.

Por ocasião de nova reforma no Palácio Rio Branco, atual sede do Legislativo municipal, a Câmara de Curitiba recuperou a figura do engenheiro Ernesto Guaita, responsável pela construção do prédio histórico, em 1890. Na época o edifício era chamado de Palácio do Congresso e abrigava a Assembleia Legislativa do Paraná, ao lado da Praça Eufrásio Correia. A reportagem traz detalhes inéditos da vida do engenheiro e conta para o curitibano de hoje em dia aspectos de como era vida econômica e política do século passado.

Questões atuais são tratadas à luz da reflexão histórica, como o transporte coletivo e políticas públicas na área da Saúde. A pesquisa da Câmara de Curitiba, por exemplo, traça a evolução da legislação antifumo de 1952, quando os vereadores proibiram o consumo de cigarro nas linhas de ônibus até o ano retrasado, em 2009, data da lei em vigor que restringe o consumo desses produtos em ambientes fechados. O mesmo cuidado teve o transporte coletivo, cujo retrato começa nos bondes puxados por mula, em  1887. Até agora, 15 reportagens de perspectiva histórica já foram divulgadas pela instituição.

Novo levantamento está sendo realizado pela Câmara de Curitiba, reunindo em um mesmo banco de dados todas as informações existentes sobre os logradouros públicos da capital. Em fase inicial, 6.775 registros em arquivos históricos, 709 documentos do sistema informatizado de projetos de lei e 955 logradouros citados em três  volumes da coletânea “Alma das ruas”, de Maria Nicolas, estão sob análise na Assessoria de Comunicação, responsável pela geração do conteúdo de perspectiva histórica. O objetivo é cruzar as informações e disponibilizar os dados para toda a população, inclusive as escolas da rede pública onde a disciplina de história de Curitiba é ensinada.

Até o momento, 1.270 logradouros já foram identificados, cerca de 16% do total. A pesquisa consiste em discriminar a pessoa que empresta o nome às ruas, jardinetes, praças ou pontes, com uma objetiva biografia do homenageado. Alusões a datas especiais ou localidades também fazem parte do levantamento. Por exemplo, a Avenida Cândido Hartmann leva o nome de um curitibano nascido em 14 de abril de 1870. Com 28 anos de idade, ele abre um estabelecimento comercial no Bigorrilho, tornando-se uma referência para o bairro em formação.

A Rua Martim Afonso recebeu o nome do colonizador português que, em 1530, introduziu o cultivo do trigo, da vinha e da cana-de-açúcar. Ele também iniciou a construção de engenhos movidos a água, nas ilhas de São Vicente e Santo Amaro. A biblioteca da Câmara de Curitiba guarda documentos desde 1694, abertos à pesquisa de acadêmicos e pessoas interessadas na história da cidade.