Vereadores discutem flexibilização de isolamento e uso da cloroquina

por Claudia Krüger — publicado 26/05/2020 13h55, última modificação 26/08/2020 00h54 Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba.
Vereadores discutem flexibilização de isolamento e uso da cloroquina

Vereadores debatem medidas ao combate à covid-19. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Os impactos da pandemia do novo coronavírus no dia a dia da sociedade foram debatidos durante a sessão plenária virtual da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), nesta quarta-feira (20). A primeira a se manifestar foi a vereadora Maria Leticia (PV), que é médica e integra o Comitê de Enfrentamento da Emergência de Saúde Relativa à Covid-19 da CMC. Segundo a parlamentar, é preocupante a retomada de serviços não essenciais, como os de academias e de restaurantes, por exemplo, enquanto ainda não são garantidos os critérios mínimos para a flexibilização do isolamento social, como o controle dos níveis de contaminação e da testagem em massa da população. Os vereadores também discutiram a crise hídrica no município. Mais informações, em breve.

O vereador Dalton Borba (PDT) se disse na expectativa da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Medida Provisória 966/2020 que restringe a possibilidade de responsabilização dos agentes públicos durante a pandemia da covid-19. Ele citou a liberação, por parte do Ministério da Saúde, do uso da cloroquina para os casos leves da doença. “Insistir nessa postura pode ser um tiro no pé”, disse. Na opinião do parlamentar, a medida pode ser uma tentativa de “resguardar” o governo federal sobre o uso dessa medicação, que não apresenta consenso da comunidade científica acerca de sua eficácia acima dos possíveis efeitos colaterais. 

Em contraponto, o vereador Osias Moraes (Republicanos) disse ter a impressão de que o coronavírus é muito “inteligente” e que parecia que o vírus só contaminaria algumas pessoas nas academias e igrejas, mas não em filas de bancos, nem lotéricas ou nos ônibus. Ele também se manifestou favorável à cloroquina. “Nós já [a] utilizamos há 70 anos no nosso país. Na minha cidade, onde eu vivi por muitos anos, na Amazônia, em Manaus, se usa cloroquina como se usa remédio pra dor, ela custa R$ 5. Baratíssimo. E os efeitos colaterais são pouquíssimos”, garantiu. Para Osias, muitas pessoas podiam estar sendo salvas se não fosse pela “ideologia” e a “politização” do tratamento. 

A Professora Josete (PT) concordou que a cloroquina já é utilizada há bastante tempo no país, mas para doenças específicas, como lúpus e outras morbidades autoimunes, e com orientação médica. Ela alertou que a droga pode causar efeitos colaterais no sistema circulatório e no coração, podendo levar o paciente à morte e que os estudos feitos sobre o tema são “técnicos e científicos” e que “nada têm a ver com ideologia”. Já Noemia Rocha (MDB) se disse preocupada com as chamadas “teorias da conspiração” que ela tem observado pelas redes sociais como este tipo de informação pode impactar a saúde mental da população.

Iniciativas
Outros temas relacionados à covid-19 foram mencionados durante a sessão plenária desta quarta-feira. Marcos Vieira (PDT) pediu que a população tenha responsabilidade ao sair de casa para trabalhar, protegendo-se para impedir a propagação do novo coronavírus. Thiago Ferro (PSC) disse que tem discutido com a Associação Comercial do Paraná (ACP) maneiras de fazer a reabertura adequada do comércio e garantir a empregabilidade da população. Já Pier Petruzziello (PTB) ressaltou os 140 atendimentos do primeiro mês de funcionamento do Tele Tea, serviço da Secretaria Municipal da Saúde voltado à orientação e apoio ao portador do espectro autista.

Crítica
O trecho de um vídeo, divulgado nesta terça-feira (19), com a parte da fala do ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva, em que ele fala sobre o “benefício” da existência do coronavírus, como forma de ressaltar o papel do Estado na vida das pessoas, foi exibido durante a sessão plenária pelo vereador Rogério Campos (PSD). O parlamentar disse que repudiava a fala do ex-mandatário da nação. Ezequias Barros (PMB) também classificou a fala de Lula como “infeliz”. Correligionária, Professora Josete afirmou que uma pessoa pública deve sempre tomar cuidado com todas as declarações que faz.